Etnografia e outras metodologias de pesquisa participativa com crianças: considerações a partir de um jogo de cartas

Resumo

Este artigo propõe um debate sobre o uso da etnografia e de outras metodologias participativas na condução de pesquisas com crianças, com base em questões que compõem um jogo de cartas. Fazer pesquisa com a participação de crianças implica encarar os desafios éticos, teóricos e metodológicos que pesquisadores enfrentam quando se dispõem a ouvir as crianças e a considerar seus pontos de vista e suas ideias. Tendo como ponto de partida essas questões, propomos um jogo de cartas colaborativo no qual os caminhos são definidos quando as chamadas “cartas-problemas” são apresentadas, seguidas pelas “cartas-palavras”, que trazem “problemas” a serem enfrentados nas investigações com crianças. Os problemas sugeridos pelo jogo incluem a submissão das pesquisas aos comitês de ética, os assentimentos e os consentimentos e o reconhecimento do nosso adultocentrismo enquanto pesquisadores e propositores dos temas de pesquisas. Por fim, propomos abordar o adultocentrismo, um ponto que pode afetar a condução, análise e divulgação das pesquisas com crianças.

Abstract

This article proposes a debate on the use of ethnography and other participatory methodologies in conducting research with children, based on issues that make up a card game. Conducting research that involves children’s participation implies addressing the ethical, theoretical and methodological challenges that researchers face when they are willing to listen to children’s points of view and ideas. Taking these questions as a starting point, we propose a collaborative card game in which the paths are defined as when the so-called “problem cards” are presented, followed by “words cards”, that brings “problems” to be faced by in investigations with children. Problems suggested by this game include submission of research to ethics committees, assents and consents and the recognition of our adultcentrism as researchers and owners of research themes. Finally, we propose to approach adultcentrism, which is a question that can affect the conduct, analysis and dissemination of researches with children.